"Sabemos dizer o que sabemos sentir."
Acredito que Cervantes percebeu que há muitos discursos vazios. Discursos extensos e insípidos, inodoros e ininteligíveis. Fala-se muito, escuta-se pouco e conclui-se nada. A repetição de palavras e idéias me perturbam. Parece uma enorme revisão. Preciso de conteúdo, de experiência, de sentido. O vazio dos discursos que não têm nada a dizer me aborrecem. É, Cervantes percebeu, quando falamos daquilo que têm importância para nós, daquilo que nos apaixona, as imagens e personagens do nosso discurso ganham corpo e transcedem para o imaginário alheio, aí sim, nos comunicamos e somos compreendidos. Talvez seja por isso que o amor e a amizade muitas vezes não florescem, porque só existiram e tiveram importância numa alma. A verdadeira amizade e o amor perfeito existem onde os sentimentos não precisem ser exaustivamente narrados, eles simplesmente existem e, por isso, sutentam-se, crescem e tornam-se impossíveis de serem contidos. Eu também. Percebi que Cervantes, entre outras coisas, era u