Geografia da vida

Na nascente da vida construímos sonhos, fazemos projetos, somos límpidos, puros, transparentes. O curso da vida, entretanto, apresenta-se sinuoso, com águas turvas, às vezes até contaminado. Nossa história, via de regra, é como um relevo acidentado, marcado por planaltos, escarpas, vales e depressões. O que importa é estar sempre disposto às escaladas, a recomeçar. É preciso esforço, semear, cuidar dos campos, arrancar as ervas daninhas. Creio que, na agricultura  da vida, precisamos semear mais amor, perdão e complacência, para colhermos um futuro de paz e tranquilidade. Carpir a intolerância, a indiferença, a amargura, a inveja e, principalmente, o desamor. Certamente nem tudo são planícies e as calmarias não são eternas; as tempestades, raios e vendavais são naturais. O importante é seguir, vencer as intempéries do cotidiano, escalar as montanhas, pois é de lá, do alto, que temos uma visão mais ampla do que nos rodeia, onde é  mais fácil planejar os caminhos a seguir. Então, vamos escalar, sair do abismo, da depressão. Fácil? De modo algum, mas necessário. As forças da natureza humana são incríveis! Um homem determinado é como um vento incontrolável. (Não se esqueça: diferenças de pressão, da alta para a baixa, rsrsrs). Bem, não sei você, mas estou no médio curso do rio da vida e, como se sabe, sempre em declínio, contudo, não posso olhar para trás, a nascente já está distante, preciso ver a foz, não como o fim, mas como o resultado de todo um curso. Espero levar sedimentos, transportar comigo histórias, experiências... Livros, filhos, estudos, amigos, amor... Mais uma vez me vem a memória Mário Quintana: "Tão bom viver dia a dia, a vida assim jamais cansa. Viver tão só de momentos como estas nuvens no céu. E só ganhar, toda a vida, Inexperiência... Esperança. E a rosa louca dos ventos presa à copa do chapéu. Nunca dês um nome a um rio: Sempre é outro rio a passar. Nada jamais continua, Tudo vai recomeçar! E sem nenhuma lembrança das outras vezes perdidas, atiro a rosa do sonho nas tuas mãos distraídas." Já não sou mais o mesmo, somos incessantemente reconstruídos. É, nada melhor que subir a montanha, vencer os obstáculos e lá, bem lá no topo daquela estrutura geológica-geomorfológica, contemplar a vida e ler um poema e ignorar o resto. Vamos escalar, porque lá em cima é maravilhoso. Fé, amor, dedicação e um pouco de poesia. Um beijo no coração, Bruno.